Thursday, February 15, 2007

Coisa de Criança

Quando criança, gostava de brincar de consertar as coisas, o que geralmente causava dores de cabeça nos meus pais. Sempre que eles viravam as costas, ou iam a padaria, já estava eu desmontando um ferro elétrico ou o rádio da cozinha. A pobre da empregada, quando via que o ferro havia parado de funcionar, depois do meu “conserto”, começava a reclamar que tinha muito serviço e que iria ter que deixar a roupa sem passar. Muitos foram os domingos em que meu pai me dava umas chineladas, porque na hora do jogo de futebol – Atlético Mineiro X Guarani de Divinópolis, o rádio teimava em “misteriosamente” não funcionar.
Certa vez, inventei de desmontar a velha máquina de escrever Remington, que meu pai deixava em cima da mesa da sala e que minha mãe sempre xingava, dizendo estar esperando visitas e que aquele trombolho cinza era muito feio. Levou duas semanas para ser consertada e, apesar do puxão de orelha que meu pai me deu, acho que minha mãe gostou, pois nunca comi tanto chocolate como nesses dias. A mesma máquina que enchia a casa com o ruído de suas teclas e que agora fica em um quarto de despejo, coberta com um pano velho azul desbotado.
Houve um dia em que por falta do que fazer, derramei uma lata de tinta azul no chão do terreiro e fiz muitos desenhos garagem a fora. Nesse dia meu pai riu bastante, dizendo que o chão estava mesmo muito feio, mas minha mãe ficou zangada e neste dia até o bolo do café da tarde desandou e não cresceu. Meu pai saiu de carro e voltou com uma sacola de salgadinhos para o lanche e minhas pinturas ficaram por quase um ano no chão, até que devagar, a chuva foi apagando os cavalos e os bandidos.
Tempos atrás, encontrei minha velha caixa de ferramentas, quando fiz uma visita a casa de meus pais. Apesar do desbotado, ainda era vermelha, com marcas de pequenas mãos sujas de graxa. Minhas mãos. Abri-a e dentro ainda tinha o canivete suíço que meu irmão um dia me deu, as chaves de uma velha motocicleta que ficava encostada no fundo do quintal, duas moedas que não se usa mais, um milhão de histórias que o tempo tentou apagar ,mas só vez uma leve desbotada e uma vontade de ser criança de novo.
Lucas Palhares

Thursday, February 08, 2007

Sobre a lei e os homens

Apesar de muito pesquisar e procurar me instruir, algumas coisas sobre o funcionamento das leis ainda me deixam confusos. Nunca entendi, por exemplo, o porque de a polícia destruir todo o armamento que apreendem dos traficantes e continuar usando revólveres 38 para combater o crime. Atualmente, bandidos usam rifles de longo alcance, metralhadoras, pistolas semi automáticas, fuzis... armamentos de alta tecnologia, enquanto os policiais fazem ronda de Fiat Uno e usam equipamentos castigados pelo tempo. Ressalvo aqui que não critico a polícia, mas sim as formas de aplicação das leis.
Ligo a TV e vejo uma tropa do Rio de Janeiro destruir mais de 200 armas apreendidas. Porque não fazer como os países europeus, e tomar o armamento detido como sendo de propriedade da polícia? Há algum tempo atrás, cogitou-se a implantação de uma lei a respeito, mas nunca mais se ouviu falar sobre o fato.
Outro ponto que considero intrigante são os benefícios dos parlamentares. Em um país onde tantos sobrevivem com um salário mínimo, penso ser completamente injusto que alguns políticos, recebendo tão bons salários, gozem de benefícios como auxílio terno, auxílio moradia, auxílio combustível, etc.
Os exemplos não param por aí. Espanto-me com os inúmeros recursos que existem para que um acusado se torne livre de uma condenação, fato tão complicado e tão cheio de reviravoltas, que nem me arrisco a escrever.
Nunca entendi como uma assassino, que ceifou mais de vinte vidas, ou um estuprador, que roubou a inocência de muitas meninas, conseguem ficar presos por um tempo e depois ganhar a liberdade condicional por bom comportamento.
Tudo isso sem contar as mil formas de se burlar as leis, ou os fatos que são feitos mas não mostrados. Mas, de qualquer maneira, é preciso ter otimismo, afinal a lei existe para garantir direitos e assegurar justiça a nós, pobres cidadãos.