Wednesday, January 24, 2007

A mãe Menina

Itapipoca. Sertão. Brasil. Terra de gente humilde e sem estudo. Vida sofrida, sem perspectiva, distorcida.
A menina, pés descalços, vestido velho e filho no colo. Engravidou aos nove anos e se tornou uma mãe menina aos dez. Chocante? Apenas mais uma entre as muitas mães meninas dos cantos esquecidos do Brasil.
Triste, mas verdadeiro. Triste, mas costumas. Os médicos de Itapipoca fazem partos em meninas com freqüência. A maioria das mães meninas são também mães solteiras. Infância roubada em poucos minutos.
O esquecimento fez vítimas em Itapipoca. Crianças esquecidas pelo pai, pela educação, pela economia, pelo clima... Por Deus?
Triste, mas verdadeiro.

Monday, January 22, 2007

E você, dá valor a arte?

Recentemente fui convidado a fazer uma exposição de quadros em minha cidade - é caro leitor, por incrível que pareça eu sou um pintor - e foi quando se deu o fato que sempre ocorre quando produzo algum objeto artístico. Ao saber da novidade, um amigo imediatamente falou: você me dá um? É para colocar no quarto do meu filho.
A bem da verdade, já me acostumei com isto. Não sei porque, todo mundo admira a arte, mas acha que ela deve ser dada e não vendida. Raras vezes encontrei quem me perguntasse quanto custava um quadro meu. Há sempre a idéia de que a arte deve ser dada.
Já ouvi de um amigo, o cúmulo, de que um quadro não valia mais que 30 reais - pobre amigo, mal sabe ele os preços das tintas, pinceis, telas, vernizes, óleos e muito menos o tempo dedicado a um quadro, que às vezes leva meses para ser concluído.
Lembro-me de um caso raro, quando vendia desenhos de nanquim em uma praça de Belo Horizonte. Havia um cliente que me comprava um desenho por dia, a 15reais cada. Certa vez, ele me pediu que reproduzisse uma foto e aguardou enquanto eu o fazia, o que durou uns 40 minutos. Terminado o desenho, ele me perguntou quanto era e, por ser meu único e assíduo cliente, disse a ele que o levasse de presente. Ele recusou, disse que era meu trabalho, mas insisti e ele assim o fez. Quando juntei minhas canetas para ir-me embora, junto a meu estojo, havia bem dobrada uma nota de cinqüenta reais.
Felizes aqueles que sabem valorizar a arte!